quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Nas horas de silêncio balbucia,
O peito já cansado de esperar!
Pela luz esperançosa da alegria,
Que a vida não, não espera pra passar.

Nas horas de silêncio dolorosas,
Não transborda a feição dizendo tudo!
São inúteis, as palavras carinhosas,
Se em cada viva ação, já não me iludo.

Tempo fiel amigo inigualável!
Provido da paixão inseparável,
Ao divisar a atroz hipocrisia.

E tudo que esta vida me vem dando!
Vou como cego, mais me procurando...
Pra acender a luz, de cada dia.



Maria José de Queiroz Ribeiro- veio atriz, poetisa e cantora das  terras dálém mar, mas vive aqui agora só com seus versos alexandrinos sob suas papilas, vali-me da sua aura cultural por trazer no sangue o mesmo que meus avós, afaguei a carência da velhice... e recebi a sabedoria em forma de verso. Obrigada Dona Maria.

domingo, 21 de novembro de 2010

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Interesse por Camila Morgado

domingo, 17 de outubro de 2010

 Camila Morgado na sargeta

domingo, 10 de outubro de 2010






É  no curso dos dias que acordamos e dormimos, que acendemos e apagamos as luzes... que conhecemos pessoas...que ao fim de anos paramos e pensamos em tudo que fizemos.

O tempo é mesmo relativo, pois os anos vividos trazem-me o peso das escolhas, mas cada momento vale muito mais que um segundo.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

sábado, 25 de setembro de 2010

David Mourão Ferreira, poeta português


E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos e por vezes


encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes


ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos


E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.





e por vezes aos botões indago
a altura de um  pensamento português
como por vezes noites duram meses
depois que em meu amor naufrago


A terceira margem do rio

... divulgar o que é bom: "Concurso britânico premia melhores fotos de astronomia do ano"
                          

      
                                     " Eu vi a eternidade nos teus dedos!
                              Eu vi a eternidade, e amedrontou-me
                              saber, tão de repente, tais segredos."
                                          David Mourão Ferreira, poeta português

segunda-feira, 6 de setembro de 2010


Ao vencedor, as bananas.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Muitas coisas eu já vi nesta janela,mas desta vez... desta vez, quando as forças me faltaram e quando lá me apoiei...eu só pude pude realmente ver o que era porque meu estado era este, largada na janela...
"Chorar não resolve, falar pouco é uma virtude, aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoísmo. Para qualquer escolha se segue alguma consequência, vontades efêmeras não valem a pena, quem faz uma vez, não faz duas necessariamente, mas quem faz dez, com certeza faz onze. Perdoar é nobre, esquecer é quase impossível. Quem te merece não te faz chorar, quem gosta cuida, o que está no passado tem motivos pra não fazer parte do seu presente, não é preciso perder pra aprender a dar valor, e os amigos ainda se contam nos dedos. Aos poucos você percebe o que vale a pena, o que se deve guardar pro resto da vida e o que nunca deveria ter entrado nela. Não tem como esconder a verdade, nem como enterrar o passado, o tempo sempre vai ser o remédio, mas seus resultados nem sempre são imediatos."
Da internet, por Charles Chaplin...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010


O que está por vir... se o futuro é uma
linha que a gente não vê ou que ainda
não existe não importa agora, se agora
não puder ser bom, como haverá o
futuro de ser melhor?
Eu repito de forma pleonástica a mim mesma
na tentativa de não sucumbir, faço o que há
pra fazer porque apesar da metafísica, conheço
a lei da inércia, portanto que inicie o movimento.
Existe a dor pungente do que foi e do que se
perdeu, mas é dela que também me valho.
As palavras também se retorcem a sair porque
não querem trazer sofrimento a tona, seriam só um suspiro.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Existem coisas que nos fazem calar...talvez porque se precise pensar...mas eu só consigo querer.

Talvez ninguém entenda...

"...nossos sentidos não percebem nada de extremo. Barulho demais nos deixa surdos. Luz demais ofusca. As quantidades extremas nos são inimigas. Não sentimos mais, sofremos."

Pascal



quarta-feira, 9 de junho de 2010

O que faz o ser humano?
O que faz ser humano?

terça-feira, 8 de junho de 2010


Será que eu entendi?


Veio do porta-voz do MINISTÉRIO DE ASSUNTOS EXTERIORES DE ISRAEL:




Este, assim se manifestou criticando a exclusão de israelenses da Parada do Orgulho Gay em Madri.


A parte que não entendi... o significado de fraternidade, de inclusão, de tolerância e de assuntos exteriores.

domingo, 6 de junho de 2010

EU GOSTO DE OLHAR PRA CIMA.


...de águas internacionais,
sou uma ativista preocupada!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

quarta-feira, 26 de maio de 2010


Creation of a Bacterial Cell Contolled by a Chemically Synthesized Genome


",,,The new cells have expected phenotyp properties and are capable of continuos self- replication."


science.1190719v1.pdf



terça-feira, 25 de maio de 2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O gosto que Mozart tem...


Dedicado a Elisio Ribeiro
Do que somos ficará só lembranças...
...o que plantamos acaba por florescer, o futuro terá os frutos e as sombras das boas frondas.


"Brilhante papel e tinta
meu coração está unido
vou lançar a mão à pena
para saber do teu sentido.
Se tiveres de arrepender
põe a mão no coração
escreve, manda-me dizer
se está de saúde ou não.
Se estou de saúde ou não
isso são intentos meus
que eu ao fazer desta
fico bem graças a Deus."
Maria José Fernandes
...agradeço sempre pelos frutos e pelas sombras.

quarta-feira, 12 de maio de 2010



O que vim fazer aqui II


Não são bem meus deslumbramentos que apresento, parece mais com o oposto disso, tem bastante sobre o ser humano, mas não é pra ser pessimista...


...tem bastante daquilo de que somos feitos, das emoções que somos e da razão atravancada.

Tem sobre o nó que nos impede de criar e fazer algo, pelos outros e por nós mesmos, não precisa ser grandioso, dentro de casa mesmo...

...tem sobre ficarmos atolados num lodo de insatisfação que nós mesmos criamos, que nos faz andar no lugar e ver a vida passar.


Eu queria ajudar, a mim mesma na verdade, a sempre ter foco, a sempre ter algo que fosse a empolgação...

...ah , achei ... o deslumbramento pra sair deste lodinho que aparece de vez em quando.


Acho que quem vive no mundo de hoje tem que pensar nisso pra poder se dar bem, digo, construir carreira, construir família, estar bem com a consciência, estar bem com o ambiente em que vive, criar crianças, reger uma casa, ter auto-estima, praticar esportes, ter um passatempo, ganhar dinheiro, ajudar alguém, ter fé...


Não quero ser engolida pelo mundo... acho que ninguém quer... será por isso que todos têm algo a dizer e que garimpam por humor na rede?

Fato é que faz bem e faz aumentar o sentido de tudo que está a volta.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

mas só foi uma janela...
Um dia acaba e o outro vem e as coisas que fazemos e os rumos que tomamos têm o conforto de serem o melhor que poderíamos ter feito no momento, nos acostumamos na aspereza mas aprendemos a nadar quando a água chega no umbigo.





Eu sei, mas não devia

Marina Colasanti


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

sexta-feira, 30 de abril de 2010



"...Tás a ver a linha do horizonte?
A levitar, a evitar que o céu se desmonte
Foi seguindo essa linha que notei que o mar
Na verdade é uma ponte
Atravessei e fui a outros litorais
E no começo eu reparei nas diferenças
Mas com o tempo eu percebi
E cada vez percebo mais
Como as vidas são iguais
Muito mais do que se pensa
Mudam as caras
Mas todas podem ter as mesmas expressões
Mudam as línguas mas todas têm
Suas palavras carinhosas e os seus calões
As orações e os deuses também variam
Mas o alívio que eles trazem vem do mesmo lugar
Mudam os olhos e tudo que eles olham
Mas quando molham todos olham com o mesmo olhar
Seja onde for uma lágrima de dor
Tem apenas um sabor e uma única aparência
A palavra saudade só existe em português
Mas nunca faltam nomes se o assunto é ausência
A solidão apavora mas a nova amizade encoraja
E é por isso que agente viaja
Procurando um reencontro uma descoberta
Que compense a nossa mas recente despedida
Nosso peito muitas às vezes aperta
Nossa rota é incerta
Mas o que não incerto na vida?
...Seja lá quem for o senhor
Seja lá quem for a senhora
A quem quiser me ouvir e a mim mesmo
Preciso dizer tudo que eu estou dizendo agora
Preciso acreditar na comunicação
Não há melhor antídoto pra solidão
E é por isso que eu não fico satisfeito em sentir o que eu sinto
Se o que sinto fica só no meu peito
Por mais que eu seja egoísta
Aprendi a dividi minhas derrotas e minhas conquistas
Nada disso me pertence
É tudo temporário no tapete voador do calendário
Já que temos forças pra somar e dividir
Enquanto estivermos aqui
Se me ouvires cantando, canta comigo
Se me vires chorando, sorri.
..."

Gabriel Pensador, por Camila pensando.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Vou de encontro ao sossego da alma quando empunho o instrumento, a tinta vem pra aliviar a mente e talvez seja por isso que muitas vezes eu tenho que recomeçar, mas a alma agradece!


"... a gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a idéia e o sentir da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato é."


Guimarães Rosa

quarta-feira, 21 de abril de 2010


funfla, funfla, funfla...
Eu dizia que era invenção do meu pai e nunca tinha ido atrás da definição quando ele dizia "funfla" e como várias piadas e boas conversas se desenrolaram a partir disso, se tinha significado real ou não deixou de ser importante.
HOJE lembrei de procurar na internet... o que não tem na internet?... funfla é um micro novêlo de fibras vegetais (ou sintéticas), que se forma por acúmulo dessas mesmas fibras, as quais se soltam do vestuário, encontrando no UMBIGO, um lugar propício para seu acúmulo, devido à presença de umidade.
Umbigo todo mundo tem... com uma correlação direta ao mundo materno, mas meu pai fez da funfla um novêlo eterno.

terça-feira, 20 de abril de 2010


Heranças d´além mar,


Gosto muito de Camões e Pessoa mas o que me seduz é o que é levado no vento, de geração em geração, mesmo sem ter frequentado a escola e só o que toma por alcunha é o que se pode escrever. O coração veio cheio e é por isso que ela agora fala:



“Eu pus-me a contar, contei
as pedras duma calçada
nove, oito, sete, seis,
cinco e quatro, três, dois, nada.”

Dito popular português


“Sei um saco de poesias
e mais uma talagada
para te ditar hoje à noite
até amanhã de madrugada.”

Maria José Fernandes

domingo, 18 de abril de 2010


BOA NOITE,

aos que, do outro lado do planeta, não vêem o mesmo céu que eu...

quinta-feira, 15 de abril de 2010


Querendo fazer diferença no mundo, me interessei por reciclagem pra não dizer lixo, desde criança sempre deixei meus pais loucos por não jogar fora potinhos de danone, latinhas, caixinhas... na verdade, não sabia o que fazer com elas... no começo juntava e como toda empreitada infantil sempre pede uma sucata, minhas peças acabavam virando brinquedo, o que com o tempo ganhava o mesmo destino que foi adiado.

Depois de já não brincar com sucata tentei fazer arte de sucata... mas muitas coisas não são manipuláveis com tesoura e cola... aí, depois de me convencer de que tinha perdido tardes inteiras gastando cola e outros materias pra fazer um terceiro material adiar sua ida pro lixo, resolvi então não comprar este produtos que me fariam ter dor de barriga só de pensar em como descartar as embalagens.

...Nem é preciso dizer que não foi possível.

Fiquei até feliz quando implantaram no Brasil, os caminhões de coleta seletiva, o até é porque sei de verdade onde foi parar a pouca seleção que poucos se deram ao trabalho de fazer... mas tudo tem que começar de algum lugar e por mais falho que seja, concordo e apoio este tipo de serviço e conscientização. Se quer ver feito faça você mesmo, mas nem na minha casa eu dava conta, somos 5 jogando lixo fora, mas nem todos com o mesmo padrão.

Experimentei ver este processo em países da Europa, de curiosa mesmo, em alguns passeios que fiz perguntei como se fazia ... Não descobri o destino, mas a coleta acontece, em muitos países, com seleção se orgânicos, embalagens em geral e papéis. Latinhas de refrigerante são mais raras em sua comercialização, e garrafas plásticas de refrigerante podem ser retornáveis em máquinas nos supermecados por um pequeno reembolso.

Mas uma das coisas mais geniais que já vi pesquisando sobre o assunto é a decomposição do lixo orgânico com minhocas! No Brasil existe um projeto de vermicompostagem para uso doméstico chamado projeto Minhocasa, mas vasculhando a internet descobri que já tentou-se aplicar em maior escala, acho que bem maior, a vermicompostagem em algum ou alguns vilarejos de Portugal. As minhocas dão conta de toda a máteria orgânica, mesmo com outros materiais envoltos no composto.http://tv1.rtp.pt/noticias/?article=11075&visual=3&layout=10, http://www.dn.sapo.pt/2008/01/18/dnbolsa/minhocas_trabalhadoras_limpam_lixo_d.html, http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1313599&seccao=A%E7ores.

Outras coisas que o desenvolvimento sustentável trouxe e também encontrei na internet ( como eu adoro esta janela) foram talheres de batata, resistentes ao calor e biodegradáveis em 180 dias. O Spudware pode ser encomendado online na Vegware.

Outros adventos já difundidos pelo mundo são carros elétricos, e casas com elementos sustentáveis, http://anadreyer.blogspot.com/2009_06_01_archive.html.

Recursos e criatividade não faltam, mas do modo como esta engrenagem gira, muitos sabemos das barreiras político-econômicas, pra ser ética, existentes.
Vou dormir, pra sossegar o corpo e o coração, acho que não há melhor remédio, acordarei hoje ainda, mas relativamente outra, pena que estou agora sem meu melhor travesseiro.



Sono (do latim somnu, com o mesmo significado) é um estado ordinário de consciência, complementar ao da vigília (ou estado desperto), em que há repouso normal e periódico, caracterizado, tanto no ser humano como nos outros animais superiores, pela suspensão temporária da atividade perceptivo-sensorial e motora voluntária.
Ao dizer-se complementar, em conjugação com ordinário, quer-se significar tão somente que, na maioria dos indivíduos (com destaque, aqui, para os humanos), tais estados de consciência alternam-se, complementando-se ordinária, periódica e regularmente.
O estado de sono é caracterizado por um padrão de ondas cerebrais típico, essencialmente diferente do padrão do estado de vigília, bem como do verificado nos demais estados de consciência. Dormir, nesta acepção, significa passar do estado de vigília para o estado de sono. No ser humano o ciiclo do sono é formado por cinco estágios e dura cerca de noventa minutos (podendo chegar a 120 minutos). Ele se repete durante quatro ou cinco vezes durante o sono. Do que se tem registro na literatura especializada, o período mais longo que uma pessoa já conseguiu ficar sem dormir foi de onze dias. Por curiosidade,Napoleão Bonaparte e Margaret Thatcher dormiam quatro horas por noite; já Albert Einstein precisava de dez horas de sono.





Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sono

quarta-feira, 14 de abril de 2010

http://www.boston.com/bigpicture/2010/03/earth_hour_2010.html, outro passeio pelo mundo...
A Terceira Margem do Rio
Guimarães Rosa
Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente — minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.Era a sério. Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda fabricada, escolhida forte e arqueada em rijo, própria para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos. Nossa mãe jurou muito contra a idéia. Seria que, ele, que nessas artes não vadiava, se ia propor agora para pescarias e caçadas? Nosso pai nada não dizia. Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre. Largo, de não se poder ver a forma da outra beira. E esquecer não posso, do dia em que a canoa ficou pronta.Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez a alguma recomendação. Nossa mãe, a gente achou que ela ia esbravejar, mas persistiu somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: — "Cê vai, ocê fique, você nunca volte!" Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou manso para mim, me acenando de vir também, por uns passos. Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito. O rumo daquilo me animava, chega que um propósito perguntei: — "Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?" Ele só retornou o olhar em mim, e me botou a bênção, com gesto me mandando para trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato, para saber. Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo — a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida longa.Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido a nenhuma parte. Só executava a invenção de se permanecer naqueles espaços do rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa, para dela não saltar, nunca mais. A estranheza dessa verdade deu para. estarrecer de todo a gente. Aquilo que não havia, acontecia. Os parentes, vizinhos e conhecidos nossos, se reuniram, tomaram juntamente conselho.Nossa mãe, vergonhosa, se portou com muita cordura; por isso, todos pensaram de nosso pai a razão em que não queriam falar: doideira. Só uns achavam o entanto de poder também ser pagamento de promessa; ou que, nosso pai, quem sabe, por escrúpulo de estar com alguma feia doença, que seja, a lepra, se desertava para outra sina de existir, perto e longe de sua família dele. As vozes das notícias se dando pelas certas pessoas — passadores, moradores das beiras, até do afastado da outra banda — descrevendo que nosso pai nunca se surgia a tomar terra, em ponto nem canto, de dia nem de noite, da forma como cursava no rio, solto solitariamente. Então, pois, nossa mãe e os aparentados nossos, assentaram: que o mantimento que tivesse, ocultado na canoa, se gastava; e, ele, ou desembarcava e viajava s'embora, para jamais, o que ao menos se condizia mais correto, ou se arrependia, por uma vez, para casa.No que num engano. Eu mesmo cumpria de trazer para ele, cada dia, um tanto de comida furtada: a idéia que senti, logo na primeira noite, quando o pessoal nosso experimentou de acender fogueiras em beirada do rio, enquanto que, no alumiado delas, se rezava e se chamava. Depois, no seguinte, apareci, com rapadura, broa de pão, cacho de bananas. Enxerguei nosso pai, no enfim de uma hora, tão custosa para sobrevir: só assim, ele no ao-longe, sentado no fundo da canoa, suspendida no liso do rio. Me viu, não remou para cá, não fez sinal. Mostrei o de comer, depositei num oco de pedra do barranco, a salvo de bicho mexer e a seco de chuva e orvalho. Isso, que fiz, e refiz, sempre, tempos a fora. Surpresa que mais tarde tive: que nossa mãe sabia desse meu encargo, só se encobrindo de não saber; ela mesma deixava, facilitado, sobra de coisas, para o meu conseguir. Nossa mãe muito não se demonstrava.Mandou vir o tio nosso, irmão dela, para auxiliar na fazenda e nos negócios. Mandou vir o mestre, para nós, os meninos. Incumbiu ao padre que um dia se revestisse, em praia de margem, para esconjurar e clamar a nosso pai o 'dever de desistir da tristonha teima. De outra, por arranjo dela, para medo, vieram os dois soldados. Tudo o que não valeu de nada. Nosso pai passava ao largo, avistado ou diluso, cruzando na canoa, sem deixar ninguém se chegar à pega ou à fala. Mesmo quando foi, não faz muito, dos homens do jornal, que trouxeram a lancha e tencionavam tirar retrato dele, não venceram: nosso pai se desaparecia para a outra banda, aproava a canoa no brejão, de léguas, que há, por entre juncos e mato, e só ele conhecesse, a palmos, a escuridão, daquele.A gente teve de se acostumar com aquilo. Às penas, que, com aquilo, a gente mesmo nunca se acostumou, em si, na verdade. Tiro por mim, que, no que queria, e no que não queria, só com nosso pai me achava: assunto que jogava para trás meus pensamentos. O severo que era, de não se entender, de maneira nenhuma, como ele agüentava. De dia e de noite, com sol ou aguaceiros, calor, sereno, e nas friagens terríveis de meio-do-ano, sem arrumo, só com o chapéu velho na cabeça, por todas as semanas, e meses, e os anos — sem fazer conta do se-ir do viver. Não pojava em nenhuma das duas beiras, nem nas ilhas e croas do rio, não pisou mais em chão nem capim. Por certo, ao menos, que, para dormir seu tanto, ele fizesse amarração da canoa, em alguma ponta-de-ilha, no esconso. Mas não armava um foguinho em praia, nem dispunha de sua luz feita, nunca mais riscou um fósforo. O que consumia de comer, era só um quase; mesmo do que a gente depositava, no entre as raízes da gameleira, ou na lapinha de pedra do barranco, ele recolhia pouco, nem o bastável. Não adoecia? E a constante força dos braços, para ter tento na canoa, resistido, mesmo na demasia das enchentes, no subimento, aí quando no lanço da correnteza enorme do rio tudo rola o perigoso, aqueles corpos de bichos mortos e paus-de-árvore descendo — de espanto de esbarro. E nunca falou mais palavra, com pessoa alguma. Nós, também, não falávamos mais nele. Só se pensava. Não, de nosso pai não se podia ter esquecimento; e, se, por um pouco, a gente fazia que esquecia, era só para se despertar de novo, de repente, com a memória, no passo de outros sobressaltos.Minha irmã se casou; nossa mãe não quis festa. A gente imaginava nele, quando se comia uma comida mais gostosa; assim como, no gasalhado da noite, no desamparo dessas noites de muita chuva, fria, forte, nosso pai só com a mão e uma cabaça para ir esvaziando a canoa da água do temporal. Às vezes, algum conhecido nosso achava que eu ia ficando mais parecido com nosso pai. Mas eu sabia que ele agora virara cabeludo, barbudo, de unhas grandes, mal e magro, ficado preto de sol e dos pêlos, com o aspecto de bicho, conforme quase nu, mesmo dispondo das peças de roupas que a gente de tempos em tempos fornecia.Nem queria saber de nós; não tinha afeto? Mas, por afeto mesmo, de respeito, sempre que às vezes me louvavam, por causa de algum meu bom procedimento, eu falava: — "Foi pai que um dia me ensinou a fazer assim..."; o que não era o certo, exato; mas, que era mentira por verdade. Sendo que, se ele não se lembrava mais, nem queria saber da gente, por que, então, não subia ou descia o rio, para outras paragens, longe, no não-encontrável? Só ele soubesse. Mas minha irmã teve menino, ela mesma entestou que queria mostrar para ele o neto. Viemos, todos, no barranco, foi num dia bonito, minha irmã de vestido branco, que tinha sido o do casamento, ela erguia nos braços a criancinha, o marido dela segurou, para defender os dois, o guarda-sol. A gente chamou, esperou. Nosso pai não apareceu. Minha irmã chorou, nós todos aí choramos, abraçados.Minha irmã se mudou, com o marido, para longe daqui. Meu irmão resolveu e se foi, para uma cidade. Os tempos mudavam, no devagar depressa dos tempos. Nossa mãe terminou indo também, de uma vez, residir com minha irmã, ela estava envelhecida. Eu fiquei aqui, de resto. Eu nunca podia querer me casar. Eu permaneci, com as bagagens da vida. Nosso pai carecia de mim, eu sei — na vagação, no rio no ermo — sem dar razão de seu feito. Seja que, quando eu quis mesmo saber, e firme indaguei, me diz-que-disseram: que constava que nosso pai, alguma vez, tivesse revelado a explicação, ao homem que para ele aprontara a canoa. Mas, agora, esse homem já tinha morrido, ninguém soubesse, fizesse recordação, de nada mais. Só as falsas conversas, sem senso, como por ocasião, no começo, na vinda das primeiras cheias do rio, com chuvas que não estiavam, todos temeram o fim-do-mundo, diziam: que nosso pai fosse o avisado que nem Noé, que, por tanto, a canoa ele tinha antecipado; pois agora me entrelembro. Meu pai, eu não podia malsinar. E apontavam já em mim uns primeiros cabelos brancos.Sou homem de tristes palavras. De que era que eu tinha tanta, tanta culpa? Se o meu pai, sempre fazendo ausência: e o rio-rio-rio, o rio — pondo perpétuo. Eu sofria já o começo de velhice — esta vida era só o demoramento. Eu mesmo tinha achaques, ânsias, cá de baixo, cansaços, perrenguice de reumatismo. E ele? Por quê? Devia de padecer demais. De tão idoso, não ia, mais dia menos dia, fraquejar do vigor, deixar que a canoa emborcasse, ou que bubuiasse sem pulso, na levada do rio, para se despenhar horas abaixo, em tororoma e no tombo da cachoeira, brava, com o fervimento e morte. Apertava o coração. Ele estava lá, sem a minha tranqüilidade. Sou o culpado do que nem sei, de dor em aberto, no meu foro. Soubesse — se as coisas fossem outras. E fui tomando idéia.Sem fazer véspera. Sou doido? Não. Na nossa casa, a palavra doido não se falava, nunca mais se falou, os anos todos, não se condenava ninguém de doido. Ninguém é doido. Ou, então, todos. Só fiz, que fui lá. Com um lenço, para o aceno ser mais. Eu estava muito no meu sentido. Esperei. Ao por fim, ele apareceu, aí e lá, o vulto. Estava ali, sentado à popa. Estava ali, de grito. Chamei, umas quantas vezes. E falei, o que me urgia, jurado e declarado, tive que reforçar a voz: — "Pai, o senhor está velho, já fez o seu tanto... Agora, o senhor vem, não carece mais... O senhor vem, e eu, agora mesmo, quando que seja, a ambas vontades, eu tomo o seu lugar, do senhor, na canoa!..." E, assim dizendo, meu coração bateu no compasso do mais certo.Ele me escutou. Ficou em pé. Manejou remo n'água, proava para cá, concordado. E eu tremi, profundo, de repente: porque, antes, ele tinha levantado o braço e feito um saudar de gesto — o primeiro, depois de tamanhos anos decorridos! E eu não podia... Por pavor, arrepiados os cabelos, corri, fugi, me tirei de lá, num procedimento desatinado. Porquanto que ele me pareceu vir: da parte de além. E estou pedindo, pedindo, pedindo um perdão.Sofri o grave frio dos medos, adoeci. Sei que ninguém soube mais dele. Sou homem, depois desse falimento? Sou o que não foi, o que vai ficar calado. Sei que agora é tarde, e temo abreviar com a vida, nos rasos do mundo. Mas, então, ao menos, que, no artigo da morte, peguem em mim, e me depositem também numa canoinha de nada, nessa água que não pára, de longas beiras: e, eu, rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — o rio.
Texto extraído do livro "Primeiras Estórias", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1988, pág. 32.

O que eu vim fazer aqui...

...faz parte do visual, da fome e da gana que me faz acordar todo dia... de querer ver e ser visto, acho que todo mundo quer e que por isso muita gente faz blog, twitter, facebook, orkut...

A criatividade ululante dessas janelas faz o mundo ficar menor, bem menor...e percorro o mundo numa tarde...

Na minha janela estarão meus deslumbramentos.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Charline Messa traz Steve vai, eu trago Charline Messa, vale a pena acompanhar:
http://overrock.nacaodamusica.com/179/entrevista-charline-messa/

o vento nem sempre sopra a favor, enquanto isto, recebo a brisa e me refestelo em outras areias...


O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem..
Guimarães Rosa

entre a ida e a volta, indo pela primeira vez...

Entre a ida e a volta
existe um lugar
por onde quero passar,
e aprender tudo que puder
e me arrepender quando errar,
e me redimir.
Sonhar, conquistar e fazer,
tudo que gostar
e aprender a gostar do que não fizer.
Entre o começo e o fim
existe uma trilha
suspensa sobre um mundo
tomado de riso e choro,
medo, alegria, carinho e solidão,
e amor.
Entre o choro e o suspiro
que possa se conhecer
o fracasso e o sucesso,
reconhecer,
algo bom em toda a oportunidade,
ter força pra isso,
pra também aprender a andar...
pra começar a jornada de quem vem
e terminar a jornada de quem já cansou.
Entre a ida e a volta
há muitas idas e voltas,
enquanto não se vai
fica saudade,
na volta deixa lembrança.
Entre o sim e o não
deve haver alguém,
além daqueles enlaçados na ida,
que será razão pra metade do caminho.
Entre a vida e a morte
não há nada
tão simples quanto um curto espaço,
que se limita
a inspiração profunda
e a expiração lenta,
até a última molécula de ar.

Camila Morgado