quinta-feira, 27 de maio de 2010

quarta-feira, 26 de maio de 2010


Creation of a Bacterial Cell Contolled by a Chemically Synthesized Genome


",,,The new cells have expected phenotyp properties and are capable of continuos self- replication."


science.1190719v1.pdf



terça-feira, 25 de maio de 2010

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O gosto que Mozart tem...


Dedicado a Elisio Ribeiro
Do que somos ficará só lembranças...
...o que plantamos acaba por florescer, o futuro terá os frutos e as sombras das boas frondas.


"Brilhante papel e tinta
meu coração está unido
vou lançar a mão à pena
para saber do teu sentido.
Se tiveres de arrepender
põe a mão no coração
escreve, manda-me dizer
se está de saúde ou não.
Se estou de saúde ou não
isso são intentos meus
que eu ao fazer desta
fico bem graças a Deus."
Maria José Fernandes
...agradeço sempre pelos frutos e pelas sombras.

quarta-feira, 12 de maio de 2010



O que vim fazer aqui II


Não são bem meus deslumbramentos que apresento, parece mais com o oposto disso, tem bastante sobre o ser humano, mas não é pra ser pessimista...


...tem bastante daquilo de que somos feitos, das emoções que somos e da razão atravancada.

Tem sobre o nó que nos impede de criar e fazer algo, pelos outros e por nós mesmos, não precisa ser grandioso, dentro de casa mesmo...

...tem sobre ficarmos atolados num lodo de insatisfação que nós mesmos criamos, que nos faz andar no lugar e ver a vida passar.


Eu queria ajudar, a mim mesma na verdade, a sempre ter foco, a sempre ter algo que fosse a empolgação...

...ah , achei ... o deslumbramento pra sair deste lodinho que aparece de vez em quando.


Acho que quem vive no mundo de hoje tem que pensar nisso pra poder se dar bem, digo, construir carreira, construir família, estar bem com a consciência, estar bem com o ambiente em que vive, criar crianças, reger uma casa, ter auto-estima, praticar esportes, ter um passatempo, ganhar dinheiro, ajudar alguém, ter fé...


Não quero ser engolida pelo mundo... acho que ninguém quer... será por isso que todos têm algo a dizer e que garimpam por humor na rede?

Fato é que faz bem e faz aumentar o sentido de tudo que está a volta.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

mas só foi uma janela...
Um dia acaba e o outro vem e as coisas que fazemos e os rumos que tomamos têm o conforto de serem o melhor que poderíamos ter feito no momento, nos acostumamos na aspereza mas aprendemos a nadar quando a água chega no umbigo.





Eu sei, mas não devia

Marina Colasanti


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.